Festas de réveillon, carnaval, grandes festivais de música. Os eventos que lembram a realidade pré-pandemia começam a surgir no horizonte dos brasileiros com a desaceleração nacional da pandemia de covid-19. Apesar da animação e ansiedade para a volta da vida social, programar atividades que reúnam multidões pode ser uma má escolha neste momento. É o que explica a infectologista e professora da Universidade de Brasília Valéria Paes.
“Eu diria que a gente pensar em grandes aglomerações é bastante temerário. Até porque tem um longo período até lá, com a pandemia, em um prazo de dois meses a situação epidemiológica pode se alterar muito. A gente lembra como foi no final do ano passado, tivemos um fim de ano que estávamos em redução dos casos e quando foi no carnaval estávamos em uma situação crítica”, pontuou.
Em entrevista ao CB.Saúde — parceria entre o Correio e a TV Brasília — desta quinta-feira (14/10), Paes ressaltou que, embora o avanço da vacinação permita algum alívio na pressão provocada pelo coronavírus, é preciso ter cautela na reabertura.
“Ainda temos uma taxa de transmissão elevada aqui em Brasília e em outros lugares do país. Estamos caminhando com o reforço, a terceira dose para os grupos mais suscetíveis, isso será muito importante para evitar internações e mortes, mas, possivelmente, até o réveillon e o carnaval, não serão todos que terão conseguido a segunda dose e estarão com seis meses de vacinação”, ressaltou.
Na conversa, conduzida pela jornalista Carmen Souza, a especialista ressaltou que é “extremamente complicado” manter as medidas preventivas nesse tipo de evento. “A gente tem que se ajudar também para não adoecer”, orientou. Para ela, protocolos de segurança sanitária ainda são uma importante fonte de proteção individual e coletiva em relação à covid-19.
“Em outros países, em que se retrocedeu no uso das máscaras precocemente, houve um aumento posterior da taxa de transmissão. Reconhecemos que é desconfortável, todos queremos respirar o ar puro, mas se você suspende uma medida, depois para retomar, é muito difícil. Aumentamos a taxa de transmissão, mas o número de óbitos não voltou a aumentar como antes. De alguma forma, a máscara está exercendo um papel importante”, avaliou.
Veja a entrevista completa:
Fonte: Correio Braziliense.