Casos de Covid-19 entre artistas do Boi Garantido, uma das associações folclóricas que participam do Festival de Parintins, no Amazonas, se agravaram nos últimos dias. Na madrugada desta sexta-feira (08), o compositor Rafael do Carmo Araújo, conhecido como Marupiara, de 37 anos, morreu por complicações causadas pela doença. E o levantador de toadas David Assayag precisou ser levado para a UTI.
Ambos acabaram contaminados após uma série de apresentações, de batucadas a lives, que ocorrem desde o ano passado. A última delas foi no Teatro Amazonas, em Manaus, no dia 28 de dezembro. Uma semana depois, foi detectado um surto de Covid-19 em integrantes do Boi Garantido que estiveram no evento. Ao menos seis artistas que se apresentaram na ocasião foram diagnosticados com infecção por coronavírus.
A live foi realizada em um momento no qual havia aumento de casos de Covid-19 no Amazonas. O estado está na fase roxa na pandemia desde a segunda-feira (4). Essa classificação significa que o estado enfrenta uma situação de alto risco, de acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS).
Rafael havia dado entrada no Hospital São Lucas, em Manaus, na madrugada de 31 de dezembro. De acordo com familiares, o compositor estava com comprometimento pulmonar e saturação baixa.
Em 4 de janeiro o artista precisou ser intubado, devido a complicações no quadro clínico. O quadro acabou se agravando e Rafael morreu na madrugada desta sexta-feira. Integrante do Boi Garantido há 12 anos, ele compôs mais de 20 canções gravadas pela agremiação neste período. Rafael também trabalhava como professor de Geografia em Manaus.
O Boi Garantido lamentou a morte do compositor. Em suas redes sociais, a associação folclórica afirmou que o "jovem poeta" está "na galeria da poesia daqueles que em fantasia nos deram motivos para sonhar.
"E assim o Garantido se despede de seu jovem compositor. Agradecendo por cada métrica alcançada. Por cada harmonia ritmada. Por cada nota letrada. Por cada toada apaixonada", diz o texto.
Já o levantador de toadas, David Assayag, de 52 anos, precisou ser levado para a UTI na sexta-feira (7). De acordo com a assessoria de imprensa do Boi Garantido, o cantor tem comorbidades e apresentou um comprometimento no pulmão. O quadro de saúde do artista é estável.
APRESENTAÇÃO:
A live do Boi Garantido teve apoio do governo estadual e reuniu dezenas de cantores, músicos e bailarinos. Dois dias antes, centenas de pessoas fizeram um protesto em Manaus contra o decreto estadual que proibia a abertura do comércio não essencial por 15 dias. A medida visava conter a alta de casos de Covid-19.
O presidente da Associação Folclórica Boi-Bumbá Garantido, Antônio Andrade Barbosa, defendeu o protocolo adotado na realização do evento.
"A live foi sem público, tinha apenas os artistas presentes. A Vigilância Sanitária estava lá, todas as exigências foram cumpridas, todo mundo mediu a temperatura e ninguém estava com temperatura anormal. Como os sintomas apareceram uns dias depois, é possível que alguém estava contaminado mas sem sintomas no dia da live", disse o presidente do Boi Garantido.
Em nota, a FVS informou que nenhum técnico do órgão estava presente na ocasião da live de Boi Garantido.
"Se você assistir o vídeo, você vai ver que somente os cantores não estavam de máscara, mas só enquanto cantavam. Depois que saíam do palco eles colocavam a máscara. Então não sabemos se eles pegaram ali ou em outro lugar", afirmou Barbosa.
A Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas informou, em nota, que a concessão do Teatro Amazonas para a equipe do Boi Garantido atendeu o decreto do governo estadual que dispõe sobre as novas medidas para o enfrentamento da Covid-19.
Este decreto, prossegue a nota, permite a realização de apresentações artísticas, desde que transmitidas pela internet, sem a presença de público.
A secretaria também informou que o Teatro Amazonas mantém um protocolo de segurança sanitária para prevenir a disseminação da Covid-19, que inclui regras para público, servidores, artistas e produtores. O texto diz ainda que os organizadores dos eventos recebem o protocolo e têm o dever de obedecê-lo.
"O protocolo inclui aferição de temperatura na entrada do Teatro; disponibilização de totens de álcool em gel 70% nas entradas, corredores e backstage; distanciamento social de 1,5m; diminuição do trânsito de técnicos e artistas entre palco e demais áreas do espaço; ocupação dos camarins reduzida; uso obrigatório de máscara, entre outros", diz a nota.
Fonte: Epoca/Globo.