Há 20 anos, no dia 6 de agosto, morreu o escritor baiano Jorge Amado. Autor de clássicos como "Tenda dos Milagres", "Capitães da Areia" e "Gabriela, Cravo e Canela", Jorge é uma dos maiores artistas do Brasil, seu legado atravessa gerações.
Em entrevista ao Jornal da Cidade, na Rádio Metropole, a biografia de Josélia Aguiar, que escreveu o livro "Jorge Amado: Uma Biografia", lançado em 2018, disse que Jorge sempre desejou uma morte rápida. “Ele teve a vida que imaginou, mas não a morte”, disse Josélia. Em seus últimos anos de vida o escritor teve problemas de saúde, e até chegou a ficar com a visão comprometida, depois, dificuldade cardíaca e respiratória. "Eu acredito que tem a ver com a vitalidade dele. Para que essa vida, esse potencial, fosse diminuindo, não poderia ser de repente", disse Josélia.
Jorge morreu pouco antes do seu aniversário, celebrado dia 10 de agosto. Existe um mito em torno do escritor, sua família o propagava: criança que nasceu empelicada, sujeito de sorte. Questionada, Josélia disse acreditar que o escritor foi mesmo um sujeito de sorte. "Mas ele estava sempre em contato com o desejo dele, com que ele queria fazer. Acho que independente do Jorge Amado escritor, o Jorge Amado homem, da a todos nós uma grande lição, que é: quando você faz uma coisa que você gosta muito, e se dedica muito a isso, as coisas realmente vão acontecer ", afirmou.
Josélia Aguiar revelou ainda detalhes sobre a publicação do livro. "A ideia era fazer um livro mais curto, em que eu teria um ano e meio. Mas a vida do Jorge Amado é transoceânica, cheia de emoções e reviravoltas. Acabei ficando quase oito anos. Hoje, faz três anos da primeira publicação, já tenho pós edição do livro com mais novidades, todas essas conversas em torno dele também sempre me superei, de modo que estou há 10 anos 'muito ocupada' com Jorge Amado ", brinca a autora.
Jorge não ganhou um Nobel de Literatura, embora houvesse muito burburinho de que o conquistaria. “Acho que ele tinha expectativa essa, seria muito bom para ele, para a obra dele”, opina Josélia. E Continuou: “Penso ainda que isso durou um período, depois ele deixou isso de lado. Tem a história também de que havia uma pessoa do júri que não gostava dele e tinha meio que prometido que enquanto ele estava, Jorge Amado não venceria o Nobel. Dão outras desculpas também, como o fato dele ser comunista, ou por sua obra ser muito popular, mas outros escritores, amigos dele inclusive, têm essas características, e ganharam. Independente do Nobel, ele continua, a obra de Jorge permanece ”.
Foto: Reprodução / Editora Todavia / Por: Metro1, Luciana Freire.